~-*-~-*-~~ PORQUE É NATAL ~~-*-~-*-~

 Sim, porque é Natal!
Porque é Natal
pintamos os tons da concórdia,
pincelamos as nuances da paz,
sublinhamos com cores o amor.

Porque é Natal
rasgamos os sorrisos nas faces,
luzimos os olhos de vontade,
estendemos as mãos da solidariedade.

Porque o Natal o exige,
recolhemos a desilusão,
amachucamos o desalento,
desviamos o olhar da amargura,
fingimos esquecer a frustração…

“Natal é quando o homem quiser”…
mas ele só o quer numa noite,
ele só se lembra por um dia,
e a vontade esfuma-se na voragem dos outros dias,
aqueles em que o Natal nem é palavra que se escreva,
muito menos se sente.

Mas Naquele dia sim,
no dia de Natal
volta a eterna tradição de ser o que se não é,
de dizer o que não se sente,
de mostrar o que não se tem.

Enquanto impera o faz-de-conta convencionado,
projectam-se já os dias que virão do não-Natal,
desenham-se as estratégias para ultrapassar este,
abalroar aquele,
vituperar aqueloutro.
Pior,
conjecturam-se as guerras que se seguirão à paz bafienta de um dia,
um só dia de tréguas,
porque o mundo continua a girar e não se compadece dos fracos.


E porque é Natal,
“Glória a Deus nas alturas e paz na terra entre os homens de boa vontade”